"Alguns alimentos que comemos podem causar uma reação alérgica no
organismo em determinado momento da vida. Diariamente, ingerimos em
torno de 20 gramas de agentes alergênicos - responsáveis por desencadear
intolerâncias e alergias alimentares que são gatilhos para o surgimento
de doenças autoimunes.
“As alergias são manifestações do sistema
imunológico contra substâncias estranhas ao funcionamento do organismo
(alérgenos) que podem ser absorvidas pela pele, inaladas e/ou
ingeridas”, explica a nutricionista Pryscila Oms, especialista em
Nutrição Clínica Funcional e Fitoterapia Funcional, que atua como
terapeuta na área.
“O maior problema é que passamos a tratar os
sintomas dessas doenças e não suas causas, o que pode desencadear
processos inflamatórios e até crônicos em outros órgãos-alvo. Um exemplo
é uma otite, que ao ser tratada sintomaticamente, pode evoluir
posteriormente para amigdalite de repetição. Por vezes, estes sintomas
levam a enxaquecas, agitação, obesidade, ansiedade, alterações na
qualidade do sono, cansaço e falta de concentração”, destaca Pryscila.
Segundo
a especialista, por meio de uma conduta alimentar adequada, a partir da
detecção de erros alimentares e alimentos alergênicos, de uma
orientação que corrija estes erros e de um plano alimentar
personalizado, é possível eliminar as reações alérgicas do organismo e
obter um maior controle e diminuição dos sintomas de determinadas
doenças que não obtiveram cura somente com tratamento convencional ou
medicação. “O paciente consegue sentir melhora já nos primeiros 15 dias
do tratamento”, assegura a nutricionista.
Individualidade metabólica
“Desde
criança tinha crises de enxaqueca, tonturas e enjoos, que com o tempo
foram piorando. Tomei por anos remédios que me deixavam muito mal e
procurei vários profissionais de saúde, mas sempre fui diagnosticada
erroneamente. Levei 31 anos para descobrir o que me fazia mal”, relata a
gerente de loja Marcella de Oliveira França, de 32 anos.
Ela
descobriu que o gatilho para suas crises de enxaqueca, mal-estar e
urticárias era alergia a feijão, tomate, leite e glúten. “Em menos de um
mês de dieta de exclusão e seguindo meu plano alimentar, os sintomas
foram desaparecendo, as crises de enxaqueca cessaram, o intestino
começou a funcionar diariamente, as coceiras sumiram e não tive mais
dores no corpo. De quebra, emagreci sete quilos. E o melhor, não
restringi o sabor”, comemora.
Conhecendo o grau de reatividade e o
parentesco nutricional dos alimentos, o que permite a substituição dos
alergênicos por outros, com características nutricionais equivalentes,
fazendo a suplementação e complementação de nutrientes, entre outras
medidas e orientações, a nutricionista consegue modificar quadros de
obesidade, hipertensão, diabetes, problemas respiratórios, intestinais,
hepáticos, anemias, entre outros.
A jornalista Claudia Queiroz, de
40 anos, tinha queixas de prisão de ventre, enxaqueca, dificuldade de
sono, ansiedade, unha quebradiça, pele ressecada, dores frequentes de
garganta e algumas suspeitas de alergias alimentares. Realizada a
avaliação nutricional, descobriu que seu organismo estava carente de
vitaminas, sais minerais e outros nutrientes, justamente pela ingestão
contínua dos alimentos que, para ela, eram alergênicos. “Não demorou
muito para que eu aprendesse o que parece básico ao ser humano: comer.
Fiquei surpresa com o ganho de qualidade de vida que conquistei com esse
tratamento, incorporado à minha rotina há oito anos”, salienta a
paciente.
Na infância
De
acordo com a nutricionista, a incidência de alergia alimentar é maior
em pessoas que não receberam aleitamento materno e/ou tiveram uma
introdução alimentar precoce. “Além disso, os estudos indicam que entre
50 e 70% das pessoas que apresentam alergia alimentar possuem histórico
familiar de alergia”, revela. Na primeira infância, o sistema
imunológico imaturo favorece a sensibilização alérgica e a produção de
anticorpos é reduzida, facilitando a penetração de agentes alergênicos.
“Já na fase adulta este processo ocorre principalmente por questões
intestinais, em pessoas que têm alteração do trânsito intestinal
frequente, no caso, disbiose, mas com um tratamento funcional específico
para cada caso, os resultados são surpreendentes”, destaca Pryscila.
“Infelizmente
as pessoas acabam convivendo com muitos dos sintomas, mas este quadro é
de piora, pois com o passar dos anos compromete a saúde geral do
organismo.”